A importância da flexibilidade na política brasileira para hidrogênio
A política brasileira para hidrogênio é fundamental para viabilizar novos caminhos e modernizar o setor de energia no país.
O Brasil ainda não possui uma política brasileira para hidrogênio. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) já organiza as diretrizes do Programa Nacional de Hidrogênio que deve ser apresentado em julho.
Com a dificuldade de encontrar uma fonte que seja alternativa para as emissões de gases do efeito estufa, o hidrogênio ganhou força como um recurso importante para a descarbonização das economias.
O hidrogênio possui versatilidade de uso, não emite CO2 e pode funcionar como armazenamento de energia. Contudo, para que o desenvolvimento da fonte seja pleno no Brasil, o setor reforça que a flexibilidade é importante para atrair investimentos.
A política brasileira para hidrogênio
Para a criação de um mercado promissor de hidrogênio no país, é preciso desenvolver toda a cadeia de processo, desde a infraestrutura de produção, passando pelo armazenamento, transporte e distribuição. Além disso, pelo lado da demanda, é preciso que o modelo seja inserido na matriz de consumo em setores-chave, como transporte, siderurgia e fertilizantes.
A construção do novo mercado no Brasil é um desafio, e para superá-lo é necessário normas de segurança, regulação e agências responsáveis para que o hidrogênio alcance os níveis competitivos. Porém, a flexibilidade é fundamental para o sucesso.
Em um cenário ideal, o melhor caminho seria investir e promover o hidrogênio verde no país. Afinal, ele é a única opção carbono zero. Porém, os custos de produção são bem altos e inviáveis.
Nesse aspecto, trilhar o caminho com outras opções, como o hidrogênio azul, produzido com a captura de carbono (CCS) com potencial de descarbonização em 85% a 95%, ou o hidrogênio cinza e marrom, que utilizam fontes fósseis não deve ser ignorado.
Assim, seria possível ganhar escala, atrair investidores e desenvolver o mercado até que a produção do hidrogênio verde se torne viável. Nessa fase, a infraestrutura já estará consolidada e a tecnologia, logística e regulamentação em uso. A política do hidrogênio também traz benefícios no sentido de ajudar na modernização do setor elétrico, servindo como um mapa de ações a longo prazo, com objetivos e competências bem definidas.
Os desafios para consolidar o mercado de hidrogênio
O mercado do hidrogênio encontra desafios para se desenvolver não só no Brasil, mas também no mundo. A transição energética pode auxiliar na diversificação da economia da América Latina. Afinal, a região é reconhecida por seus investimentos em renováveis e pode ser um nicho de oportunidades de negócios.
Apesar do otimismo com o hidrogênio, o preço ainda é um fator preponderante para o desenvolvimento. Com altos custos de produção, transporte e armazenamento, fica difícil que o setor de indústria, por exemplo, migre para esse mercado com tantas outras opções disponíveis com custos menores e regulação.
No aspecto tecnológico, embora já existam alguns projetos de sucesso, o armazenamento é um grande desafio. O hidrogênio precisa ser armazenado em elevadas pressões no estado gasoso ou criogenia para armazenamento no estado líquido e é altamente inflamável.
Há uma expectativa de que a sociedade evolua, optando por fontes mais limpas. Nesse caso, as indústrias e organizações precisarão investir nesses nichos, para não ficar para trás. O papel do Estado é identificar esses segmentos e dar subsídios e regulamentações para promover os modelos mais promissores.
Um dos pontos a serem levados em consideração é que o país já possui uma infraestrutura de dutos e abastecimento de transporte de gás. O modelo que funciona bem e tem se desenvolvido ainda mais com a nova regulamentação do setor pode servir de exemplo para que o mercado de hidrogênio cresça nos próximos 30 anos, conforme prevê o PNE 2050.
Assim, a política brasileira para o hidrogênio está apenas no seu início. Mas a experiência de outros países pode servir de exemplo do que funciona ou não, sendo um atalho para a consolidação de um modelo forte e alinhado com as necessidades dos players envolvidos.
Publicado no site do Evolution Power Partners.